segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Porque o cabelo de Michelle Obama é liso?

Confesso que durante boa parte do tempo em que assisti a cerimônia de posse do novo presidente dos Estados Unidos, a pergunta que não me saía da cabeça era porque o cabelo de Michelle Obama é liso. E não só o dela, o das filhas também. Aquilo obviamente não é natural e isso me causou certa revolta. Durante a posse assistimos uma apresentação da talentosa cantora negra Aretha Franklin e da poetisa Elizabeth Alexander, também negra.

E durante as horas que assisti a cerimônia fui me dando conta de que ninguém fala da cantora branca Marisa Monte. Diz simplesmente a cantora Marisa Monte. E fui percebendo que meu desconforto com o cabelo de Michelle e suas filhas poderia estar associado a algum tipo de preconceito de minha parte. Será? Duvido. Sempre me considerei uma pessoa zero preconceituosa. Mas, de qualquer modo, resolvi procurar então na internet a definição de preconceito. E encontrei algo no site Wikipedia que me esclareceu sobre o meu sentimento em relação ao cabelo liso da nova primeira-dama norte-americana. Dizia assim: “(...) De modo geral, o ponto de partida do preconceito é uma generalização superficial, chamada estereótipo, exemplo: "todos os alemães são prepotentes", "todos os americanos são arrogantes", "todos os ingleses são frios", "todos os baianos são preguiçosos", "todos os paulistas são metidos", etc. (...)” Ora, na minha cabeça, no meu inconsciente “todos os negros tem cabelos encaracolados”. No meu e de muita gente, diga-se de passagem.

Isso me levou a concluir que a errada era eu e não ela. Concluí que tudo realmente não passava de puro preconceito de minha parte. Se a linda, branca e loura Gisele Bundchen aparece nas passarelas desfilando de cabelos cacheados ninguém acha estranho, pelo contrario, elogia, vira moda. Porque brancas podem ter cabelos lisos ou cacheados? Porque só elas tem o direito de escolher? Michelle também tem!

Nosso preconceito seja racial ou social é mais sutil do que imaginamos. E talvez seja por isso mesmo tão difícil combatê-lo. Cabelo liso ou cacheado... Branco, moreno, negro, índio... Rico, pobre, mendigo... Isso não importa. Somos todos humanos, iguais. Com os mesmos direitos e deveres. Ninguém é melhor ou pior pela cor do cabelo ou da pele, muito menos pela quantidade de dinheiro no bolso. Temos diferenças sim, mas é justamente isso que torna a vida e nosso convívio mais ricos e interessantes.

A mídia divulgou a vitória de Barack Obama como um momento histórico da quebra de um preconceito secular. Para mim, o cabelo de Michelle virou ícone desta mudança. Parabéns Michelle. E obrigada pela lição.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

A crise da felicidade

Estava lendo o blog de uma querida amiga, um dos que recomendo (http://www.verbeat.org/blogs/escolitaealite), quando um parágrafo me fez parar a leitura no meio. O que me chamou atenção foi quando ela disse que vendia suas horas por dinheiro. Parei alguns minutos sobre essas palavras e concluí que é a mais pura verdade. Vendemos mesmo as nossas horas. E por qual preço? O da nossa felicidade.

E essa venda inclui pacote completo. Junto com ela se vão os nossos sonhos, desejos e prazeres. E tudo isso para que? Acho que ninguém sabe a resposta direito. Estamos apenas repetindo padrões de comportamento que são aceitos e legitimados como certo. Em parte para sermos aceitos, para termos a sensação de pertencimento ao grupo. Falta total de identidade nossa com nosso próprio eu. O problema é que acabamos nos sujeitando a chefes e a empregos que absolutamente não nos pertencem! Médicos que queriam ser chefes de cozinha, engenheiros que queriam ser professores, publicitários que queriam ser escritores. Todos frustrados.

Já se perguntaram por que temos sempre que ser aquilo que os outros querem? Porque fazer o que esperam que façamos? Sermos nós mesmos nos dias de hoje não está fácil. A verdade é que bancar o nosso Eu é tarefa árdua. Muitos acabam dizendo que somos loucos, inconseqüentes ou irresponsáveis simplesmente porque escolhemos ser feliz! Simplesmente porque escolhemos ver a vida de modo mais leve, sermos mais simples. Escolhermos ser diferentes, quebrar padrões, detonar paradigmas. Enquanto aqueles que buscam mais, que vivem em torno de sucessos passageiros, carros novos e capas de revista são considerados não apenas “normais”, mas, principalmente, vencedores.

Ser feliz é uma escolha. Uma escolha do que fazemos com o nosso tempo, com as nossas horas. E é por isso que eu digo: está infeliz??? Mude sua vida!! Ouse! Tenha coragem! Faça novas escolhas! Busque algo que te faça se sentir melhor, mais alegre! Ah.. Mas tem a "crise internacional"!! Crise? Que crise?? A única crise verdadeira que eu conheço é aquela de quem não consegue ser feliz.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

A responsabilidade de ser livre

Chega um momento na vida em que aquilo que mais desejamos é ter o menor nível de responsabilidade possível. Ou você nunca quis agir como Lester Burnham, personagem de Kevin Spacey no filme Beleza Americana? Quem assistiu sabe do que estou falando. É um momento crucial. Não queremos talões de cheque, chefes, contas para pagar. Desejamos apenas a liberdade de fazer o que quisermos, quando e como quiseremos… e sem a menor culpa. Será que isso é possível?

Possível ou não é o que desejamos. E arduamente. Mas empenhamos nossos melhores esforços para conseguir? Reclamamos da ausência de tempo para viver a liberdade. Mas é o mundo que nos exige demais ou somos nós que nos auto-sabotamos nos enchendo de compromissos? A verdade é que para muitos o sucesso está associado a uma agenda lotada e a uma conta bancária polpuda. E ninguém quer ser fracassado. Ninguém.

Abrimos mão da nossa liberdade em nome de um sucesso efêmero. Mas existe sucesso sem liberdade? Nosso maior problema é que, com isso, nos afogamos em responsabilidades que não queremos e acabamos não assumindo a responsabilidade mais importante de todas, a de ser livre...

Máquina do tempo

Eu só queria entrar numa máquina do tempo e ter 15 anos de novo. Eu queria poder fazer tudo que meus 15 anos me permitiam fazer. Acordar sem me preocupar com nada. Somente com a cor do batom que mais iria impressionar aquela paixão platônica na escola. Eu queria de volta aquela a sensação de ser livre. Absolutamente e totalmente livre.

Sinto muita falta de não me preocupar com contas a pagar, salário a receber, chefe, trabalho... Sinto falta da sensação da ausência de responsabilidade. Queria poder ser de novo quem eu era. Queria poder me preocupar apenas com qual roupa vestir para a uma festinha hi-fi, dessas onde meninas levam um prato de doce ou salgado e meninos o refrigerante. Sou da época em que adolescentes tomavam refrigerantes ou no máximo uma cerveja escondida...

Mas parece que os tempos mudaram, eu mudei. E isso me incomoda. Muito. Mudei porque fui obrigada. O tempo me obrigou. Me obrigou a crescer e me tornar adulta sem que eu desejasse, sem que eu me sentisse pronta para isso. Engraçado que isso tudo me fez lembrar quando comecei a aprender a dirigir. Freqüentei a auto-escola por meses e meses... Todos achavam que eu já havia virado sócia. O instrutor não me agüentava mais. Mas minha insegurança, meu medo me impediam de dar o passo seguinte. De assumir o volante e controle da minha vida. O tempo passou e por circunstancias externas tive que prestar a prova e tirar a carteira de motorista. Talvez se não tivesse sido obrigada nunca tivesse tirado a carteira. A vida nos dá umas lições e o tempo é um dos seus principais professores.

A verdade é que o tempo passa e continua passando. Sempre. Implacável. Reconheço sua importância educativa, mas isso não diminui em nada a minha vontade de ter o poder de voltar no passado e ficar por lá um pouco... só um pouco. Porque depois certamente ia me bater uma enorme saudade do meu presente, de quem eu sou, do que eu conquistei, do meu marido, da minha casa. Dos meus 32 anos. Acho que somos na verdade mais paradoxais que o próprio tempo. Vivemos no presente buscando emoções do passado e sonhando com o futuro. Estamos de um jeito ou de outro, a nosso modo, viajando entre passado, presente e futuro. Então quem disse que a máquina do tempo não existe? Ela existe sim. A máquina do tempo somos nós. Então me dá licença que eu tenho um passado para visitar! E você?

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Porque o sapo tem que virar príncipe?

Conto de fadas não existe, mas ainda tem gente que acredita no encontro mágico com seu príncipe encantado. E como nunca encontram o Sr Perfeição, quando se deparam com a realidade do sapo, querem a todo custo transformá-lo em príncipe! Gente, sapos são muito mais divertidos, alegres, diferentes... São lindos na sua imperfeição, na sua singularidade. Príncipes podem ser chatos, frescos, metrossexuais. Desculpem-me, mas homem que disputa espelho comigo simplesmente não dá! E quando começa a te indicar dermatologista? Socorro! Homem tem que ser gentil e sensível, claro, mas tem que ser homem.

A verdade é que penso que a vida tem mais colorido e fica bem mais interessante quando não é padronizada. Abaixo a pasteurização! Viva a diferença! Aproveite esse ano novo para curtir seu sapo e ser muito, muito feliz! E para você que anda perdendo tempo procurando por príncipes ou, pior ainda, fazendo o coitado do seu sapo sofrer para virar um... larga disso! Você está perdendo o melhor da vida. A perfeição é chata porque é impossível. Ninguém é perfeito. Nem o tal encantado... É por isso que eu sou fã de carteirinha do ogro mais fofo do pedaço. Viva a Era Shrek! Ou vai me dizer que você prefere aquele bossal loirinho do Prince Charming? Fiona sabe das coisas! Quem não está entendendo nada do que eu estou falando, por favor, assista Shrek. Imperdível. Trilogia nota dez.

O ano está apenas começando. Vamos lá! Vamos aproveitar para abandonar de vez esse ideal fictício de príncipes perfeitos que vem nos salvar em um cavalo branco e curtir mais a beleza da imperfeição do sapo nosso de cada dia. Seremos sem dúvida mais felizes. Pois vamos descobrir que sapos não precisam virar príncipes. Eles já são. De um jeito diferente, mais honesto, mais real. E, portanto, muito melhor.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Ainda sobre o ano novo…

Ontem fiquei observando aquela multidão vestida de branco caminhando pela rua a espera do ano novo. Muitos usando também alguma peça de cor amarela para trazer prosperidade e dinheiro, maior preocupação ultimamente. Outros tantos dizendo que a noite de reveillon teria que ser perfeita, com muita alegria e diversão para que o novo ano também assim seja. Será? Será que o que fazemos e a cor da roupa que usamos na passagem do ano é o que determina o que acontecerá em nossas vidas? Penso que isso é uma crença ingênua de nossa parte. Mas algumas vezes necessária. Necessária para que possamos firmar o nosso pensamento no desejo de conseguir aquilo que almejamos. E é isso que importa. É isso que faz a diferença. Pautado no que pensamos, fazemos escolhas, criamos coragem para desbravar novos caminhos. A grande verdade é que todo o dia é dia de “ano novo”. Todos os dias são dias de possibilidades de fazermos novas escolhas, de encontrarmos novas maneiras de pensar e sentir. Não é preciso esperar o dia 31 de dezembro para realizar grandes mudanças em nossas vidas, mudanças estas que muitas vezes não passam de meras promessas de uma noite de verão. O dia 31 de dezembro não tem nada de mágico nem especial. É apenas um dia. Mais um dia de oportunidade de sermos melhores e mais felizes. E é para isso que nos servem todos os dias do ano. Portanto, aproveite! E delicie-se na alegria que é viver o nosso dia-a-dia. Feliz dia novo!