quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Máquina do tempo

Eu só queria entrar numa máquina do tempo e ter 15 anos de novo. Eu queria poder fazer tudo que meus 15 anos me permitiam fazer. Acordar sem me preocupar com nada. Somente com a cor do batom que mais iria impressionar aquela paixão platônica na escola. Eu queria de volta aquela a sensação de ser livre. Absolutamente e totalmente livre.

Sinto muita falta de não me preocupar com contas a pagar, salário a receber, chefe, trabalho... Sinto falta da sensação da ausência de responsabilidade. Queria poder ser de novo quem eu era. Queria poder me preocupar apenas com qual roupa vestir para a uma festinha hi-fi, dessas onde meninas levam um prato de doce ou salgado e meninos o refrigerante. Sou da época em que adolescentes tomavam refrigerantes ou no máximo uma cerveja escondida...

Mas parece que os tempos mudaram, eu mudei. E isso me incomoda. Muito. Mudei porque fui obrigada. O tempo me obrigou. Me obrigou a crescer e me tornar adulta sem que eu desejasse, sem que eu me sentisse pronta para isso. Engraçado que isso tudo me fez lembrar quando comecei a aprender a dirigir. Freqüentei a auto-escola por meses e meses... Todos achavam que eu já havia virado sócia. O instrutor não me agüentava mais. Mas minha insegurança, meu medo me impediam de dar o passo seguinte. De assumir o volante e controle da minha vida. O tempo passou e por circunstancias externas tive que prestar a prova e tirar a carteira de motorista. Talvez se não tivesse sido obrigada nunca tivesse tirado a carteira. A vida nos dá umas lições e o tempo é um dos seus principais professores.

A verdade é que o tempo passa e continua passando. Sempre. Implacável. Reconheço sua importância educativa, mas isso não diminui em nada a minha vontade de ter o poder de voltar no passado e ficar por lá um pouco... só um pouco. Porque depois certamente ia me bater uma enorme saudade do meu presente, de quem eu sou, do que eu conquistei, do meu marido, da minha casa. Dos meus 32 anos. Acho que somos na verdade mais paradoxais que o próprio tempo. Vivemos no presente buscando emoções do passado e sonhando com o futuro. Estamos de um jeito ou de outro, a nosso modo, viajando entre passado, presente e futuro. Então quem disse que a máquina do tempo não existe? Ela existe sim. A máquina do tempo somos nós. Então me dá licença que eu tenho um passado para visitar! E você?

Nenhum comentário:

Postar um comentário